Numa aula do meu amigo, e prestigiado instrutor, Armando Baptista, da Cruz Vermelha, em que se estava a estudar técnicas de evacuação de feridos, neste caso de VIP´s, deparei com uma gritante falta de conhecimentos básicos.
A situação era simples um homem da equipa de protecção transporta o ferido, o outro garante a segurança do pessoal envolvido na operação. Até aqui a coisa parece suficientemente simples, até que a tarefa começou a ser executada com o pessoal a recuar.
É dramático ver homens feitos, que não sabem andar... melhor, andar de forma correcta sem que tal em vez de lhes dar vantagem, numa situação de possível confronto, ainda lhes possa colocar em risco a própria vida e a de outros.
No combate tudo faz a diferença, o mais infamo detalhe pode ser determinante, e a forma de andar não é excepção! Uma correcta postura corporal pode fazer a diferença, aliás dir-se-ia, faz de certeza!
Mas voltando ao caso concreto, conforme o pessoal tinha de recuar, para proteger o transporte do ferido, pude assistir a uma demonstração de diversos estilos, todos eles errados, com honrosas excepções, claro, mas poucas, desde pessoal aos saltos, ou a pessoal a recuar em completo desiquilibrio, vi-se um pouco de tudo.
Rapidamente, se teve de parar a aula e demonstrar como se executa passo táctico, e demonstrar que recuar, não significa virar costas, necessariamente, aos protegidos, mas que se pode andar de frente para eles como uma torção do tronco pelo lado da mão fraca, o que nos permite movimentar confortavelmente e em equilíbrio, tendo em simultâneo um amplo campo de visão para a retaguarda, podendo ainda mudar de posição com celeridade e fluidez se necessário, cobrindo 360º com muita eficácia, Richard Hill (USA), mais á frente no curso, exemplificou esta técnica com mestria, o que foi uma confirmação, sempre agradável, da técnica que passámos anteriormente aos alunos.
É estranho, que num curso que requer um domínio prévio de muitas matérias, pelo menos ao nível básico/intermédio, se tenha de ensinar alunos a andar, a culpa não é deles, mas das instituições que insistem em ministrar treinos deficitários, quando ministram alguma coisa...
Ainda assim, o formando deve munir-se destes conhecimentos, já nem digo para vir para a formação avançada, mais preparado, mas porque e fundamentalmente, este tipo de conhecimentos é rigorosamente fundamental, dir-se-ia que é mesmo o B-A-Bá do operador, sem o qual ele representa um problema em vez de uma solução, já se imaginaram a evacuar um ferido, numa situação potencialmente perigosa, com a vossa segurança aos saltos? Era, no mínimo, estranho...
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