Curso TPS 2009 SIC

Curso de Técnicas de Protecção e Segurança 2009

10/09/2007

Treino real vs treino politicamente correcto

Esta problemática é negligenciada com uma frequência assustadora ao nível institucional, se não vejamos que: o tipo de treino ministrado, geralmente, ao nível institucional situa-se num registo facilitista, no qual é privilegiado o fácil de apreender/executar, com a agravante de se procurarem situações pouco dinâmicas e geralmente passiveis de serem vencidas pelo formando com grande facilidade.

Está-se mesmo a ver o paralelo entre este tipo de treino e a realidade encontrada pelos operadores no dia-a-dia, não há relação possível, em bom rigor. Então porque se persiste em manter este registo? O treino policial deve ter uma componente fortíssima de formação profissional, na qual, de facto, se deve manter um registo de possibilidade efectiva de aprendizagem de conteúdos, o que necessariamente deve contemplar a simplicidade de processos, para que possam ser efectivamente interiorizados. Não obstante, em tudo o resto, ou melhor, quando entramos no campo de matérias mais avançadas e complexas, não podemos simplificar, até porque por mais que nós queiramos, as matérias serão sempre complexas.

Vejamos por exemplo a formação de tiro: é óbvio que numa primeira fase o treino de tiro deve ser simples e gradual, por forma a que os formandos aprendam efectivamente as técnicas e procedimentos, que são vitais na utilização de armas de fogo, no entanto, numa fase avançada em que, para além, da manutenção dos índices mínimos por forma a permitirem ao operador um porte de arma seguro, não só para terceiros mas também para o próprio operador, com tudo o que isso implica e neste momento não é de relevo enumerar, dizia-se que nessa fase avançada é impensável treinar-se situações de duelo, por exemplo e para abordar-mos um exercício muito simples face á complicada realidade, já para não falar da deliberada omissão da "one plus rule", que são situações que exigem grande dinâmica ao nível da capacidade de raciocínio instantânea, da destreza de movimentos e técnica de tiro apurada, do controlo de tiro, da postura corporal, do tipo de movimentação e direcção da movimentação, etc..., de forma simplista e, no mínimo, inconsequente para não dizer irresponsável, simulando um duelo cuja solução é um simples passo lateral e neutralização do alvo com dois disparos e sem controle de tempo.

Dirá o leitor, mas assim qualquer um vence o exercício!, claro, veja-se que assim é de facto fácil apresentar resultados de aptidão que justifiquem tanta arma distribuída, podemos dizer com grande certeza que os operadores conseguem grandes índices de aproveitamento no plano anual de tiro da instituição.

Para não me alongar mais deixo as seguintes perguntas: será que as situações de confronto na rua reflectem este cenário? o agressor está parado, absolutamente isolado de alvos no shoot, é lento ao ponto de nos permitir efectuar dois disparos sem que o tempo que nós queiramos demorar a fazê-lo seja relevante, será que garantidamente ao segundo impacto, se o atirador conseguir colocar dois impactos no alvo, a ameaça está neutralizada? (todos já vimos, em inúmeras ocasiões, o número de disparos efectuados numa situação de confronto...), será que aquele passo lateral é suficiente para evitarmos a linha de tiro do agressor?, enfim, podíamos estar aqui eternamente com dúvidas sobre esta matéria, mas penso que já me fiz entender...

1 comentário:

Mano de Tyr. Formación Internacional Cecilio Andrade disse...

Magnífico blog compañeiro.

Bon traballo e a millor sorte en todo o que fagas.

O honor e meu de ter un hirmao coma ti.

Coidate.