Curso TPS 2009 SIC

Curso de Técnicas de Protecção e Segurança 2009

28/09/2007

Segurança vs realidade 1

Eis outro dilema que se coloca ao formador: é importante zelar pela segurança dos instruendos na formação, mas, em simultâneo, há que proporcionar um treino real, o mais real possivel.

Assim, podemos desde já afirmar que o excesso de zêlo, nesta matéria, pode condicionar negativemente os resultados que se querem atingir ao nivel do realismo que se quer dar á formação.

Numa formação com tiro real, óbviamente que se os atiradores forem inexperientes, a segurança deve estar na primeira linha das preocupações, mas no que toca a formação mais complexa e avançada, tal facto já não deve suceder, pelo menos de modo tão exacerbado.

O operador deve estar o mais familiarizado possivel com a sua arma, esta deve acompanhar sempre o operador, se vai comer leva-a com ele, se vai ao WC idem, se vai dormir idem, etc...

Mais ainda, as regras de segurança devem ser postas um pouco á margem, note-se que o operador de nivel avançado tem de saber que: a segurança da arma passa fundamentalmente pelo uso que o operador lhe confere e não tanto pelos mecanismos da arma, ele deve saber instintivamente quando colocar o indicador na caixa de mecanismos da arma, ou no gatilho, ele deve saber como se movimentar com a arma empunhada, deve ainda saber que posições de transporte da arma adoptar quando interage com colegas em áreas confinadas, e outros que nesta altura não importa aprofundar.

Dito isto, podemos desde já compreender que, se no nível avançado de treino o formador for exageradamente preocupado com as regras de segurança pode correr o risco de deformar os alunos, ou mesmo castrar o seu portêncial de aprendizagem e de nivel operacional, porque quando o operador que treina desta forma, estiver perante uma situação real ele vai reagir, tendo por base a sua memória muscular e o pouco, que vai sair sub-conscientemente, do treino que fez anteriormente a essa experiência.

Quando penso nesta matéria, recordo-me sempre da história do policia que desarmou um "treta", retirando-lhe a arma curta das mãos com toda a habilidade, e depois entregou-lha de volta, pois era assim que treinava e o gesto foi instintivo.

25/09/2007

Introdução a um treino realista

Conforme prometido, tendo passado 15 dias desde o último, coloco no FFPT mais um comentário de Ceclio Andrade, fala quem sabe!

Introducción a un Entrenamiento Realista

"Comencemos este artículo con un poco de filosofía.

Es posible que para la mayoría de los lectores, la cita que da pie a esta introducción sea una contradicción en si misma. O quizás, otra más de esas ideas enrevesadas, para nuestra mente occidental, importada de un oriente lejano en el tiempo y en la distancia. Al fin y al cabo la guerra, violencia por definición, trata sobre la eliminación de la vida ¿no?

Pero si acompañamos esa máxima antigua con una idea más moderna, de alguien como el señor Jeff Cooper, Maestro de Armas, considerando tal título con la importancia y nobleza que se le otorgaba en un pasado ya olvidado, innovador en una época en la que se consideraba ya todo inventado, y filósofo de la vida por encima de todo, es posible que iluminemos algo su significado.

En su trabajo “Principios de la Defensa Personal” podemos leer lo siguiente:
“La única razón que justifica disparar a otro ser humano es la imperiosa necesidad de detener la acción que en ese momento está realizando.Esta necesidad debe ser tan grande que no importe, legal o moralmente, que el sujeto muera como resultado de haber sido parado.”

En el mundo actual, desgraciadamente cada vez más violento y hostil, ambas ideas son total y absolutamente válidas, complementarias y consecuentes.
Que puede ser más importante que la salvaguarda de la vida de nuestra familia, de nuestros amigos, de los ciudadanos que como defensores de la sociedad hemos jurado proteger si somos policías o militares, aún a costa de nuestra propia vida o de la del agresor.

Pero ocurre que muy a menudo, cada vez más por desgracia, que alguien no tiene ese punto de conciencia en su alma, y busca acabar con esas vidas. Ante lo cual “algunos hombres y mujeres buenos”, se ven obligados a hacer uso de sus armas, sus conocimientos y sus habilidades, poniendo su propia vida en juego para detener a ese o esos individuos.

Viéndose la mayor parte de las veces en la necesidad de matar para proteger vidas.
El mayor tabú de cualquier sociedad civilizada es “no matarás”, principio común para la gran mayoría de religiones y filosofías. Cualquier individuo moral y/o mentalmente sano sufrirá en mayor o menor medida si se ve obligado a saltarse ese tabú, aunque ello sea por un bien mayor. Siempre le quedará la duda si pudo hacerlo mejor o si pudo evitarlo. En este caso, su salvaguarda mental y moral está en dos ideas muy claras, la correcta y recta moralidad de la acción, “soy de los buenos”, y una preparación técnica y táctica intachable que permita elegir una variedad suficiente de acciones.

Por otra parte, los criminales aunque pueden tener una preparación similar o, desgraciadamente puede ocurrir, superior, no tienen esas dudas anteriores, y si las tienen, las consideran como algo superfluo, las soslayan con motivos más o menos seudoéticos o con razones de supuesta justicia de la “causa”.

Cualquier policía o militar sabe que porta una herramienta intrínsecamente peligrosa y letal, pero, y no debemos olvidarlo, no más que un destornillador, una llave inglesa o ¡un coche! Como tales herramientas, no son más peligrosas que las manos que las empuñan y la mente que las dirige. Los delincuentes las convierten en algo peligrosamente letal y agresivo. Para los policías y militares son herramientas de protección, pueden matar igual que las de los asesinos, indudablemente, pero solo cuando esas manos y mentes así lo decidan como algo inevitable, y por un bien mayor. Al fin y al cabo, nadie obliga a los delincuentes a serlo.

El criminal utilizará siempre la Máxima Fuerza Necesaria, y la mayor parte de las veces más aún. El policia siempre hará uso de la Mínima Fuerza Necesaria. La idea debe ser siempre proteger la vida, toda vida, y a toda costa, salvo si se debe elegir entre la propia, la familia, compañeros, amigos u honrados ciudadanos, entonces la balanza solo se puede inclinar en una dirección, la buena. Por ello se trabaja, estudia, entrena, y sobre todo se realizan sacrificios.
Negociar antes que golpear.Golpear antes que herir.Herir antes que matar.Pero si debe hacerse… matar.

Ese es el principio fundamental de mi trabajo. Para que todo esto sea así, antes debemos saber que, como, cuando y de que forma actuar."

20/09/2007

No aproveitar é que está o ganho

Para quem não sabe, sou praticante da disciplina de Tiro Práctico (IPSC).
E sou por vários motivos. A saber: pelo convivio, pela práctica desportiva, pelo contacto com a natureza, e pelo treino que a modalidade me proporciona.

Sim, eu disse a palavra treino! e por mais que alguns fiquem admirados quando digo isto, pois em tese a práctica desportiva de tiro tem muito pouco que ver com as caracteristicas do confronto, eu aproveito o momento em que atiro em provas para treinar. Como? Porquê? eu explico...

O IPSC tem duas vertentes muito interessantes, o bom atirador tem de ser rápido e preciso, o tempo é um factor e a precisão é outro. O mesmo sucede no confronto.

Tendo estes dois postulados em mente, afirmo que: um saque muito rápido associado a uma boa empunhadura, uma, necessáriamente, rápida aquisição do alvo, uma postura corporal correcta de forma a poder executar tiro em movimento, o facto de ser forçado a ter em mente o numero de munições que tenho nos carregadores (mesmo quando estou a atirar), multiplas trocas de carregadores, o facto de estar num cenário com multiplos alvos, no qual eu estou em movimento, e outros factores que explicarei adiante proporcionam-me um treino, no minimo, interessante.

Todas estas condicionantes devem ser tidas em conta quando em combate (movimento, rapidez de raciocionio e de procedimentos, contagem de munições, aquisição rápida de alvos, situações de shoot/no shoot), por isso quando estou em pista procuro adoptar uma postura mais de combate em detrimento de uma postura mais competitiva.

Isso, muitas vezes, passa por não usar os aparelhos de pontaria da arma, por exemplo.

Outro factor curioso é o facto de que todos estes procedimentos, executados numa postura de combate, induzem stress, ao ponto de muitas vezes eu me aperceber claramente que perdi a visão periférica, e que por isso a transição entre alvos e a sua aquisição é feita através da memória que construí inicialmente do que vi quando iniciei a pista. Como tenho a noção de entrar em tunel de visão, consigo activar mecanismos para tentar dela sair. O que me dá outra caracteristica interessante para o meu treino.

Óbvio que isto se reflecte nos resultados desportivos, mas isso pouco importa, dado que o treino que me proporciona uma prova supera claramente essa vertente.

Dito isto, considero que o ganho potêncial, que consigo aproveitando a práctica de tiro desportivo para o meu treino, não deve ser desperdiçado.

16/09/2007

A importância de poder optar

Hoje vivemos numa sociedade global, na qual, para além do fenómeno dos media, somos assombrados por um qualquer "Big Brother", por razões que se prendem com a nossa própria segurança.
Para além deste facto existe ainda um quadro legal denso, complexo, e limitativo da possibilidade de actuação da policia. Isto aliado a uma ética forte que não deve ser esquecida, provoca uma dificuldade acrescida no uso de força (seja de que tipo fôr), em termos reactivos a ameaças, cada vez mais violentas.

Para lá de uma discussão filosófica sobre as matérias que se prendem com o quadro legal que rege a actuação policial, importa nesta altura afirmar que se torna cada vez mais um imperativo, o operador ter á sua disposição um, cada vez mais abrangente, leque de opções em termos de material, assim isso seja possível dada a natureza da função.

Assim, e tendo em conta que: hoje as ameaças são mais diversificadas e tendencialmente mais violentas, o que não pressupõe uma maior possibilidade de resposta mais violenta por parte do operador (este tem sempre que agir tendo em atenção o grau de proporcionalidade da sua reacção face á acção que o ameaça), faz sentido o operador não ter á sua disposição, apenas as mãos e a arma de defesa pessoal.

Todo um leque de equipamento está hoje ao dispor do operador, que não o deixa á mercê de estar praticamente indefeso (quando está de mãos nuas), ou de ter empunhada uma arma de grande capacidade de destruição (arma curta ou longa).
Esse leque pode englobar, mas não se limitar a: Kubotan, Lanterna Táctica, Spray, Cutelaria, Bastão Extensível, etc..
Com esta vasta gama de equipamento, e estando o operador capacitado para o seu uso, através da devida formação, pode resolver inúmeras situações de uso reactivo de força adequada á ameaça, já que tem em carteira muito mais alternativas tácticas para implementar assim seja necessário.

Dirão: as instituições não fornecem estes equipamentos, na maior parte dos casos!
De facto, porém sugiro que consultem as Leis Orgânicas, a nova Lei das armas e as Portarias que regem a utilização de armas de defesa pessoal por parte das forças de segurança, preferencialmente as que regem a instituição a que pertencem e verão que muitas vezes estas permitem que, a titulo particular, os operadores possam possuir, para defesa pessoal, quase todos estes equipamentos.

A instituição pode não dar tudo, não quer dizer que o operador profissional não tenha, e se a desculpa é a vertente financeira, direi apenas que o meu telemóvel não é topo de gama e o carro também não, mas cada um atribui á sua vida o valor que entende.

12/09/2007

Boa alternativa á sovaqueira

Quem trabalha nestas lides sabe que, um ponto que suscita sempre acalorada discussão, e uma miríade de opinões para todos os gostos, é a melhor forma de o condutor de um veiculo transportar a sua arma.

Falamos óbviamente de situações nas quais o coldre deve estar conciliado na roupa, assim temos primeiramente duas opções: ou se usa um coldre sovaqueira, ou se coloca um coldre exterior no cinto. Não vou sequer perder tempo com teorias, que a muitos são caras, de separar a arma do operador, colocando-a num qualquer ponto do veiculo.

A sovaqueira de facto é uma alternativa funcional, se fôr de qualidade, permite um porte seguro, e um saque relativamente rápido, porém, como alternativa podemos ter o coldre no cinto, e é nesta alternativa que talvez se encontrem mais vantagens, se não vejamos:

Sandy Wall, oficial da Houston SWAT (Texas/USA), homem de grande experiencia na protecção de individualidades ao mais alto nível, reputado operador, e bom amigo, falava numa aula recentemente da sua opção de posicionamento do coldre neste tipo de situação, se olharmos para a nossa cintura como um relógio, com o meio dia para a frente, ele coloca o coldre ás 10h, ou seja do lado esquerdo da cintura, com a coronha virada para dentro, ou melhor dito, de forma a que possa ser sacada a arma com a mão direita.

Vantagens óbvias: Arma bem conciliada, colocada num coldre bem fixo (oposto do que muitas vezes sucede com a sovaqueira), permite um saque mais ágil e rápido do que a sovaqueira, e permite começar a fazer fogo de forma muito célere, a partir do saque, se os disparos forem efectuados logo em baixo, assim que a arma sai do coldre (supondo que a ameaça se encontra perto da viatura), não encontrando partes do corpo do próprio operador como obstáculo, como acontece frequentemente com a sovaqueira relativamente ao braço que cobre a mesma.

11/09/2007

Falhas de segurança durante o serviço

Fallos de Seguridad durante el Servicio
Aug 23rd, 2007 por Cecilio Andrade

A modo de generalidades sobre la seguridad veamos cuales han sido las formas de actuación que han provocado la muerte o, si hubo suerte, heridas de la mayor parte de los agentes de policía agredidos.

? Orientados más al servicio a expensas de la, o mejor dicho, “de su” seguridad. Es el típico “agente simpático”, tienden a verse a sí mismos más como relaciones públicas que como agentes de seguridad. No suelen considerar ni hacer caso de los riesgos potenciales. No demuestran capacidad evidente de dañar.

? Tienden a usar menos fuerza de la que debieran, incluso emplean menos fuerza que sus agresores.

? Usan la fuerza después que sus compañeros, la utilizan como último recurso y demasiado tarde en una confrontación, ampliando de esta manera su vulnerabilidad.

? Se saltan reglas y procedimientos, tendiendo a no seguir fielmente las reglas y procedimientos del departamento para su propia conveniencia o para agradar a los subordinados.

? Actúan sin esperar apoyo, solos en situaciones de alto riesgo. Esto puede ser tanto por el Síndrome del Superhéroe, como por no parecer incapaces de desenvolverse frente a los ojos de otros compañeros.
Algunos estudios sugieren que éste es el error táctico más común de los realizados por los agentes fallecidos.

? Creen “oler” el peligro, detectar una situación de riesgo antes que otros. Están muy orgullosos de sus supuestas habilidades para “sentir” a la gente, y confían ciegamente en esas sensaciones antes que en hechos observables y reconocibles. Operan por medio de la percepción de “buenas vibraciones” y lo cual provoca que bajen la guardia, olvidando estudiar y evaluar continuamente la situación y a las personas.

? Se relajan cuando perciben una aparente “buena voluntad”. Buscan la bondad en otras personas y bajan la guardia cuando perciben una ilusoria evidencia de ello. Ese comportamiento bondadoso por parte de los sospechosos tenía como objetivo tender una trampa mortal.

Una máxima samurai que seguramente muchos habrán leido, “el samurai desde que sale por la puerta de su casa, hasta que regresa que a ella, actúa como si estuviera a la vista de algún enemigo” resume de una manera más que elocuente todos los puntos anteriores.

Sobre todas los principios de seguridad aplicables debemos emplear siempre nuestra mejor arma, nuestro cerebro, y con él sacarle partido al mejor y menos común de los sentidos, el sentido común.

10/09/2007

Treino real vs treino politicamente correcto

Esta problemática é negligenciada com uma frequência assustadora ao nível institucional, se não vejamos que: o tipo de treino ministrado, geralmente, ao nível institucional situa-se num registo facilitista, no qual é privilegiado o fácil de apreender/executar, com a agravante de se procurarem situações pouco dinâmicas e geralmente passiveis de serem vencidas pelo formando com grande facilidade.

Está-se mesmo a ver o paralelo entre este tipo de treino e a realidade encontrada pelos operadores no dia-a-dia, não há relação possível, em bom rigor. Então porque se persiste em manter este registo? O treino policial deve ter uma componente fortíssima de formação profissional, na qual, de facto, se deve manter um registo de possibilidade efectiva de aprendizagem de conteúdos, o que necessariamente deve contemplar a simplicidade de processos, para que possam ser efectivamente interiorizados. Não obstante, em tudo o resto, ou melhor, quando entramos no campo de matérias mais avançadas e complexas, não podemos simplificar, até porque por mais que nós queiramos, as matérias serão sempre complexas.

Vejamos por exemplo a formação de tiro: é óbvio que numa primeira fase o treino de tiro deve ser simples e gradual, por forma a que os formandos aprendam efectivamente as técnicas e procedimentos, que são vitais na utilização de armas de fogo, no entanto, numa fase avançada em que, para além, da manutenção dos índices mínimos por forma a permitirem ao operador um porte de arma seguro, não só para terceiros mas também para o próprio operador, com tudo o que isso implica e neste momento não é de relevo enumerar, dizia-se que nessa fase avançada é impensável treinar-se situações de duelo, por exemplo e para abordar-mos um exercício muito simples face á complicada realidade, já para não falar da deliberada omissão da "one plus rule", que são situações que exigem grande dinâmica ao nível da capacidade de raciocínio instantânea, da destreza de movimentos e técnica de tiro apurada, do controlo de tiro, da postura corporal, do tipo de movimentação e direcção da movimentação, etc..., de forma simplista e, no mínimo, inconsequente para não dizer irresponsável, simulando um duelo cuja solução é um simples passo lateral e neutralização do alvo com dois disparos e sem controle de tempo.

Dirá o leitor, mas assim qualquer um vence o exercício!, claro, veja-se que assim é de facto fácil apresentar resultados de aptidão que justifiquem tanta arma distribuída, podemos dizer com grande certeza que os operadores conseguem grandes índices de aproveitamento no plano anual de tiro da instituição.

Para não me alongar mais deixo as seguintes perguntas: será que as situações de confronto na rua reflectem este cenário? o agressor está parado, absolutamente isolado de alvos no shoot, é lento ao ponto de nos permitir efectuar dois disparos sem que o tempo que nós queiramos demorar a fazê-lo seja relevante, será que garantidamente ao segundo impacto, se o atirador conseguir colocar dois impactos no alvo, a ameaça está neutralizada? (todos já vimos, em inúmeras ocasiões, o número de disparos efectuados numa situação de confronto...), será que aquele passo lateral é suficiente para evitarmos a linha de tiro do agressor?, enfim, podíamos estar aqui eternamente com dúvidas sobre esta matéria, mas penso que já me fiz entender...

09/09/2007

Objectivo do treino Force on Force

Durante um curso, recentemente, um aluno, a meio da aula perguntou: Para que serve isto?
Esta pergunta é o pior pesadelo do formador, a não ser que a encaremos como uma boa oportunidade de fazer passar a nossa mensagem a toda a turma, há sempre mais alguém que quer colocar a pergunta mas não tem coragem.

O Force on Force é novo, tão novo, que foi a segunda vez que foi ministrado em Portugal, assim é lógico, e legitimo, que esta pergunta apareça. Nos exercícios o meu colega e eu usamos um misto entre exercícios de Shoot/No Shoot, nos quais se simulou situações do dia-a-dia, alternando com exercícios de combate em duelo, ou contra múltiplos adversários, naquilo que constitui uma versão mais dinâmica de Force on Force.

O que o aluno não percebeu foi o motivo pelo qual os formandos não eram corrigidos, quando perdiam os cenários. Ora, a ideia do formador, foi exactamente demonstrar aos alunos isso mesmo, que muitas vezes perdem pelo simples facto de não estarem a pensar, ou por não terem respostas para as situações, o que revela a necessidade de treino de forma gritante ao aluno, ou porque as respostas que adoptam são erradas ou estão formatadas de forma errada por quem os ensina a nível institucional, com todo o respeito pelos colegas, ou ainda e fundamentalmente porque entram em loop ou visão de túnel porque estão stressados.

Fundamentalmente o Force on Force ensina a pensar, e a perceber as nossas limitações em combate, ensina também boas técnicas, se o formador quiser, para colmatar essas fraquezas e torna-las forças, mas numa primeira fase há que desmontar o que está mal, se não como ensinamos um aluno se ele está convicto de que tudo o que sabe lhe chega, ou é bom e não necessita de mais?

Force on Force, em que consiste?

O Force on Force, Força Contra Força em português, é uma disciplina de treino policial. Consiste em exercicios de simulação envolvendo binómios, ou números superiores de formandos. No Force on Force podemos treinar todo o tipo de situações dinâmicas de combate, através da criação de cenários realistas, os quais depois de esterelizados, podem reflectir qualquer realidade que o formador pretenda. Por norma o tipo de arma usado neste treino é o Softair, dado que a sua aproximação á realidade, e baixo custo, pode proporcionar um treino eficaz e de qualidade.

Um dos aspectos mais interessantes deste treino, é a possibilidade de o confronto entre os operadores usando as armas (Softair, Simunition, Rubber Knife, ou outras não letais), ora, até surgir este conceito de treino, apenas se podia fazer algo de semelhante usando filmagem e projecção em tempo real em duas, ou mais, carreiras de tiro, com todas a limitações que tal facto implica, desde logistica, a custos, bem como á impossibilidade de se realizarem uma panóplia de exercicios. O Force on Force, é um tipo de treino que veio revolucionar tudo o que se fazia até hoje, levando a realidade no treino mais longe, sem limites ao que é possivel fazer.

A primeira vez que foi ministrado em Portugal, foi no 1º Curso Ibérico de Protecção de Individualidades e Testemunhas, com grande sucesso, tendo atraido a atenção de formadores ao nível institucional.

A auto-indução de stress

Este é um fenómeno muito frequente no Force on Force, o simples facto de se distribuir uma arma (Softair) aos formandos, dá-lhes a prespectiva de que vai haver confronto nos exercícios, o que na realidade pode nem ser verdade, dado que podemos estar a simular situações de shoot/no shoot, bem como quaisquer outras que não possibilitem o uso de armamento na resolução do problema.

No entanto este facto verifica-se de forma recorrente, o que coloca ao formador um dilema: por um lado a indução de stress aproxima á realidade e provoca, mais fácilmente, nos formandos alterações psicó-fisiológicas tais como os fenómenos de visão de tunel e outros, por outro lado pode provocar, se o formador não estiver atento, uma opção excessiva, por parte do formando, para utilizar a ferramenta que lhe foi distribuida, leia-se a arma, e que para ele passou a ser a panaceia para todos os problemas apresentados nas simulações, principalmente se o formando não estiver num grau de aptidão muito elevado, e não tenha muitas soluções em carteira para os problemas criados. Ainda recentemente, ao leccionar num curso, o 2º PIT, este fenómeno manifestou-se em grande parte dos alunos.

Assim, e em conclusão, o formador de Force on Force deve estar sempre atento á condicionante psicológica dos seus alunos, por forma a tirar as vantagens obtidas com a indução de stress no treino, estando, não obstante, preocupado com o controlo desse stress, por forma a que os alunos se mantenham enquadrados no cenário que queremos simular.

Bem vindos

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Este blog visa, fundamentalmente, criar um espaço de reflexão entre formadores e formandos, no que toca ao treino policial.
Todos os contributos são bem vindos, quem quiser dar o seu feedback sobre um curso que leccionou/frequentou, ou publicar algum texto ou estudo, por favor envie a matéria para forceonforce@yahoo.com

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