Curso TPS 2009 SIC

Curso de Técnicas de Protecção e Segurança 2009

28/10/2007

Bastão extensivel, descomplicado...

Pois é, como o título sugere, vamos descomplicar esta história do bastão extensivel...

Devo dizer que há muito tempo que advogo (quem sou eu para o fazer?), o uso generalizado do bastão extensivel, pelas forças policiais, assim tenham os operadores formação para tal.

É uma arma com um bom potêncial de dissuasão, (basta atentarem ao som que faz uma linha do C.I. a abrir em simultâneo o bastão e assumir a posição de combate), é simples de manobrar, é eficaz, resistente, portátil, e nunca fica sem munições...

No entanto, julgo ser importante clarificar uma, ou outra matéria sobre esta questão.

No passado já fiz algumas formações com este equipamento, nas quais se ministravam técnicas apuradas de uso de bastão, quer ao nivel de ataque, quer ao nivel de defesa, e ainda ao nivel de chaves com o auxilio do equipamento em causa.

Pois bem, do que aprendi sobre bastão extensivel, e modéstia á parte, fiz o curso com um dos melhores Trainers/Instrutores portugueses, rapidamente percebi que o bastão é bom para dar "boas bastonadas"... simples, não é?

Vamos ver se entendemos porquê: Nos curso que fiz com uso de bastão aprendi chaves marivilhosas, mas sabendo o que sei hoje, pergunto-me se o "treta" a quem quero fazer a chave com o bastão vai ficar parado á espera disso, numa posição corporal, que por mero acaso, até dá imenso jeito a que a chave entre...

(faz-me sempre lembrar um desarme de faca que me quiseram ensinar, no qual o tipo que tinha a faca estava parado, quase em sentido, á espera que eu lhe fizesse a chave e o desarmasse, nunca vi um tipo com uma faca a reagir assim, salvo se fôr tetraplégico...)

É fácil perceber, que quando estamos em stress, perdemos os movimentos finos, e tudo o mais que aqui já falamos, e que nos prejudica o desempenho sucede, logo não creio que numa luta corpo-a-corpo, essas chaves vistosas, funcionem, principalmente quando estamos stressados, cansados, nervosos, com medo, e a lutar contra um gajo que até nem tem nada a perder (se não porque raio ia ele lutar contra um bófia com um bastão de metal?!?!)

Caros amigos, que fazer então?

Simples: abre bastão, aplica uma "boa bastonada", se resultar á primeira, faça a chave se entender (com ou sem bastão), se não resultar á primeira, repita as vezes necessárias...

Nada como descomplicar o desnecessáriamente complicado!

16/10/2007

Stopping Power e os "Strasbourg Test" 2

(Vide Stopping Power e os "Strasbourg Test" 1)

Stopping Power e os "Strasbourg Test" 2

Para os referidos testes, foi escolhida uma raça de cabras dos Alpes franceses, sendo utilizados machos adultos com um peso entre 156 e 164 libras, livres de doenças e com pulmões saudáveis.

Estas cabras foram escolhidas pelas seguintes razões:
1º - As cabras têm a área de corpo correspondente, aproximadamente, ao tamanho de um homem adulto comum.
2º - As cabras têm, também aproximadamente, o mesmo volume da cavidade toráxica e os pulmões localizados na mesma posição que um homem adulto comum.
3º - Alguns autores diziam na época que as experiências demonstraram que os ossos e os tecidos das cabras reagem de modo semelhante aos ossos e aos tecidos humanos quando atingidos por projécteis de armas de fogo.
4º - Outras experiências apontam no sentido de que os projécteis de arma de fogo necessitam uma penetração de onze a doze polegadas no corpo para serem efectivos, o que se mostrou verdadeiro também com aqueles animais.
5º - O pêlo das cabras parecia bloquear, até certo ponto, a trajectória dos projécteis, de modo similar às nossas roupas.

A metodologia empregada nos testes foi a seguinte: cada cabra estava ligada a uma máquina de electroencefalograma (EEG), para monitorizar a actividade das ondas eléctricas cerebrais, e a sensores extremamente sensíveis, que monitorizaram a pressão sanguínea. As cabras não foram anestesiadas porque isto influenciaria negativamente os resultados da máquina de EEG.

Foram utilizadas no total 611 cabras nos testes. Os animais foram atingidos por projécteis disparados directamente no centro de ambos os pulmões, a uma distância de dez pés. Foram evitados impactos nos restantes órgãos vitais, como coração e outros. Os animais que foram atingidos nestas áreas foram retirados do teste.

O tiro nos pulmões foi escolhido por ser a área mais provável de impacto de projécteis em seres humanos em situações de defesa ou durante o trabalho policial. As cabras foram monitorizadas durante trinta segundos, e se não morriam neste espaço de tempo, eram mortas.

Foram levadas em conta no teste duas medidas:
1º - O tempo decorrido entre o disparo e incapacitação total do animal, considerando-se que este não poderia voltar a levantar-se depois de atingido.
2º - Os investigadores observaram que em todas as cabras em que a incapacitação foi imediata, a pressão sanguínea diminuía cerca de doze vezes mais rapidamente do que nas cabras que tiveram incapacitações lentas.

Baseado nisto, os investigadores definiram que o choque hipovolémico era essencial à incapacitação imediata, bem como a interrupção no fornecimento de sangue ao cérebro, fenómeno relacionado com actividade electroquímica normal.

As conclusões dos investigadores que efectuaram os testes foram as seguintes:
- Projécteis pré-fragmentados e fragmentáveis causaram a maioria das incapacitações imediatas das cabras atingidas nos pulmões.
- Projécteis de ponta oca, que se expandem e então fragmentam, incapacitam mais rapidamente do que aqueles que só se expandem.
- Projécteis de ponta oca que se expandem imediatamente são mais efectivos que projécteis de expansão retardada, que penetram profundamente antes de se expandirem.
- Em regra, as munições +P e +P+ são mais efectivas do que munições com cargas de pressão "standard", embora haja excepções, como no caso das munições Hydra-Shok em calibre .45 ACP, e outras.
- Quanto mais rápida e violenta é a expansão do projéctil, maior é o dano nos tecidos e órgãos.
- Projécteis com pequena ou nenhuma expansão tiveram pouco ou nenhum efeito.
- Os projécteis que atingiram os ossos foram menos efectivos que aqueles que atingiram órgãos internos sem as suas trajectórias serem obstruídas.

Isto foi observado mesmo com projécteis de munições de alta velocidade, como os dos calibres .357 Magnum e 10mm, e também nas munições com projécteis pré-fragmentados MagSafe e Glaser Safety Slug.
- Finalmente, os investigadores concluíram que os resultados dos testes de Estrasburgo foram semelhantes aos actuais estudos do Sargento reformado do Detroit Police Department, Evan Marshall e do Cabo do Benton County Sheriff'sDepartment, Edwin J. Sanow.

Embora haja quem diga que os “Testes de Estrasburgo” não aconteceram, as conclusões publicadas são bastante próximas aos resultados conseguidos nos testes dos projécteis modernos, quer sejam eles em gelatina balística calibrada, quer sejam nas recolhas estatísticas de casos reais.

Apesar de ser muito provável de ocorrer o impacto de um projéctil nos pulmões em situações de confronto armado, também deveriam ter sido estudados os resultados de impactos noutros órgãos. Dos resultados dos testes apurou-se que o calibre .357 com projécteis hollow-point de 125 grains foi o mais efectivo, e a munição Federal em calibre.38 Special com projéctil de chumbo de ponta redonda (LRN), foi o menos efectivo.

Finalmente, assumindo que os Testes de Estrasburgo tenham realmente ocorrido, os investigadores que os efectuaram apenas reportaram os resultados a que chegaram. Se estes resultados devem ou não ser aplicados ao mundo real, ao confronto armado com pessoas, se devem ser utilizados como critério para a selecção de munições para uso defensivo ou policial, não sabemos ao certo, ficando a opção ao critério de cada um.

Duas coisas no entanto são certas e não são necessários muitos debates para chegar a estas conclusões: O Stopping Power por si só é um mito, e não existe nada que substitua um bom impacto no centro de massa do assaltante com um calibre decente para terminar um confronto (excepto talvez dois impactos...)

Stopping Power e os "Strasbourg Test" 1

Do meu grande amigo, e mestre nestas matérias, Luis de Sousa Pereira, fica em dois Posts, um magnífico contributo. Fala quem sabe...

Stopping Power e os "Strasbourg Test" 1

Quando se fala em “Stopping Power”, não se pode deixar de falar dos testes de 1904 em que o Capitão do Exército Norte Americano, de nome John Taliaferro Thompson, e outro Oficial do Corpo Médico, de nome Louis Anatole La Garde, realizaram testes com armas de fogo em animais vivos, na tentativa de determinar a eficácia dos projécteis de arma de fogo.

Estes testes foram realizados na sequência dos confrontos desastrosos ocorridos entre militares americanos e os nativos da tribo Moro, durante a Insurreição Filipina de 1898/1900. Muito embora os testes tenham tido uma metodologia bastante duvidosa e os seus resultados tenham sido inconclusivos, os autores publicaram como “conclusão”que os projécteis que produziam os melhores efeitos de incapacitação teriam que ter pelo menos .45” de diâmetro, com um peso de pelo menos 200 grains e serem disparados a uma velocidade de pelo menos 200 pés por segundo.

Em última análise, esta “conclusão” conduziu ao desenvolvimento e adopção do calibre .45” como padrão para as armas curtas do Exército dos EUA (mais especificamente o calibre .45 ACP, com um projéctil FMJ Round Nose de 230grains). Porém, tal estudo foi efectuado em 1904, quando não havia projécteis de alta velocidade e grande performance, como os modernos hollow-points expansivos.

Muitos estudiosos actuais desejaram que as experiências de Thompson-LaGarde pudessem ser repetidas com projécteis modernos. Tanto que, em princípios de 1991 iniciaram-se uma série de testes confidenciais, realizados possivelmente nas instalações do “Laboratório de Cabras” (Goat Lab) de Fort Bragg nos EUA, sendo que após 18 meses de testes, em 1993 foi publicado o famigerado e controverso relatório denominado “Testes de Estrasburgo”.

Este relatório nunca mencionou o local onde os testes foram realizados, devido ás pressões existentes na altura pelas ligas de direitos dos animais, nomeadamente a PETA que se insurgiam contra o sofrimento e a morte provocada aos animais utilizados nos testes, sabendo-se unicamente que foram realizados algures nos EUA, perto do rio Potomac, e que as revistas de armas americanas insinuaram que os testes teriam sido realizados em França, perto da cidade de Estrasburgo.

14/10/2007

Segurança, segurança, segurança...

Já da praxe, aqui segue mais um grande contributo do meu irmão Cecilio Andrade.

Seguridad, seguridad, seguridad…

"Es evidente que sin unos mínimos requisitos de seguridad cualquier trabajo puede pasar de ser un simple riesgo, hasta convertirse en una grave negligencia, paralela al delito, cuando no lo es en si misma.

Las normas de seguridad suelen dividirse generalmente en tres apartados, seguridad general, durante los entrenamientos y durante las operaciones. Aunque en principio esta división resulta correcta debemos tener en cuenta que teniendo una correcta base de instrucción, nuestras acciones siempre responderán al entorno en el que nos encontremos.

El principio ya comentado de “entrena como trabajas, trabaja como entrenas” debe formar parte íntima de nuestra filosofía y modo de operar con armas de fuego, sea durante su limpieza, portándolas, en el campo de tiro o en una acción de alto riesgo. Volvemos a algo que ya comentamos, si nuestro cuerpo y nuestra mente solo sabe actuar de una forma correcta, jamás podrá equivocarse por muy estresados o apurados que podamos encontrarnos. Pero hay que recordar, como también se ha comentado anteriormente, que esto no debe ser una excusa para el inmovilismo.

Cinco son las claves fundamentales de supervivencia, cinco principios que primordiales para nuestra seguridad. Estos cinco puntos son totalmente aplicables a todo trabajo que realicemos, sea el que sea. Como ya veremos es indiferente el estar en una galería de tiro o una acción de riesgo para tenerlos siempre presentes. Partiendo de estas claves de sentido común podremos aplicar de forma natural todo lo demás.

÷ Estar siempre alerta. Dice el proverbio “hombre prevenido vale por dos”. Si se pueden detectar los problemas por anticipado, casi siempre se podrán evitar.

÷ Confiar en los sentidos cuando éstos dicen que algo anda mal. El “sexto sentido” es algo real, y no algo esotérico, es simplemente que nuestro subconsciente, siempre alerta, detecta algo anómalo, erróneo, incorrecto, no sabemos lo que es pero algo no está bien. El negarlo no sirve de nada, confiemos en ese “sexto sentido” y busquemos lo que está mal.

÷ Adquirir anticipadamente los conocimientos, habilidades y equipo necesarios para garantizar una capacidad de reacción correcta es fundamental, como ya hemos visto.

÷ Planificar nuestras acciones, hacer un “plan de batalla”, general y adaptable, favorecerá la pronta reacción. Esto válido para todo lo que hagamos. “Fracasar en planificar es planificar el fracaso” dice una máxima, de nosotros depende.

÷ Actuar en el momento crítico, ser decidido. Tener la capacidad de hacer lo que se deba hacer en el momento necesario. Por lo que debemos tener “esa” capacidad bien asumida. “La acción incorrecta en momento exacto es mejor que la mejor acción un segundo más tarde”.

Aunque ya hemos visto que no es conveniente realizar compartimentaciones en la seguridad de nuestro trabajo, tengamos en cuenta algunos matices específicos que adaptaran instintivamente nuestro modo de actuación para que este se encuentre siempre dentro de los márgenes de seguridad exigibles.

Las normas de seguridad generales deben presidir cualquier acción relacionada con armas de fuego. Debemos tener en cuenta que legalmente hablamos de profesionales cuya titulación y calificación técnica los hace merecedores “de una destreza indiscutible en el uso de las armas”."

Lutar contra o subconsciente

Sabemos todos que o nosso corpo, cerebro inclusivé, tem comportamentos que não controlamos, que desconhecemos, e dos quais nem nos apercebemos se não pensar-mos neles.

Para além de inúmeros comportamentos sub-conscientes realtivos ao combate, que a psicologia explica, e que abordaremos neste Blog, conforme o tempo fôr passando, falamos hoje de um comportamento natural e subconsciente, que tem de ver com mecanismos nossos de defesa, ou agressividade, e que se prende com uma caracteristica do ser humano, á qual não nos podemos furtar.

A necessidade de olhar!

Não o olhar "lato sensu", mas para onde e quando olhar.

Não vou ser exaustivo, a ideia deste Post, é simplesmente focar um ponto que frequentemente é esquecido, o olhar "mórbido".

Esta ideia foi recentemente abordada por um Sniper dos NAVY SEAL Norte-Americanos, durante um programa sobre a sua missão. Este operacional afirmava, que depois de efectuar o disparo, existe muitas vezes a vontade do atirador verificar "os estragos" provocados no alvo, e atenção que aqui a ideia não é confirmar a neutralização da ameaça, essa verificação, ou melhor a verificação feita por esse motivo é lícita, e deve ser feita, se possivel.

Tal facto, deriva de um instinto humano básico, reparem que: a visão é o sentido do qual mais utilidade extraimos, e o que nos transmite maior informação, e o ser humano, tem de facto, uma atracção mórbida de voyeur, na maioria dos casos, não vale a pena discutir, é a condição humana. Assim, um facto aliado a outro descamba no olhar "mórbido".

Tudo isto para dizer que: este fenómeno deve ser combatido, por várias ordens de razões, desde logo, porque essa "confirmação" dos estragos produzidos nos alvos, vai consumir tempo (essencial) no combate, e vai ocupar a nossa maior fonte de informação (ainda que muito reduzida nas suas capacidades) a visão, ao desvia-la da aquisição de ameaças, para uma tarefa inútil.

Não nos podemos esquecer que nesta altura já foi efectuado um disparo, ou mais, e tanto nós como as nossas "ameaças", estão, ou deveriam estar, activamente a procurar o próximo alvo a neutralizar.

Posto isto parece óbvia a necessidade de não cair neste ardil.
Já para não falar de efeitos psicológicos que a observação desses "danos" no alvo, poderão trazer, muitas vezes a curto prazo ao operador, e que se não forem devidamente acompanhados, poderão originar questões patológicas.

No futuro falaremos um pouco mais destas matérias da vertente psicológica.

06/10/2007

Segurança vs realidade 2

Tomando em conta as considerações feitas anteriormente, podemos ainda ir um pouco mais longe, no que toca a esta temática.

No treino, principalmente, em termos avançados na carreira de tiro, o excesso de normas de segurança priva o operador, de vivenciar algumas experências que lhe vão ser fundamentais numa situação real.

Assim, por exemplo terminar os exercicios com a arma vazia no coldre, retira ao operador a noção que esta deve estar sempre carregada, a todo o momento, se o final do exercicio implicasse o remuniciar da arma, seria bem mais profiquo.

Outra situação recorrente é a omissão da "one plus rule", quando termina o exercicio, usualmente o operador fica muitas vezes em campo aberto, ou exposto, ficando esquecido o principio de que poderá haver sempre mais um adversário, e o principio de que a protecção é essencial, sendo que se a iniciativa é sempre do adversário nunca podemos dizer que o combate terminou até termos a certeza.

No que toca ao varrimento e aquisição de novas ameaças, raramente tenho visto ser dada a possibilidade aos instruendos de cobrirem 360º, com a arma empunhada, julgo que tal facto não quebra as regras básicas de segurança, nomeadamente se usarmos a "posição sul". Adoptando este método podemos fazer exercicios simples de neutralização de alvos e posteriormente efectuar varrimento para detecção de novas ameças a toda a volta sem comprometer a segurança dos elementos presentes.

Outra questão frequentemente esquecida, é a procura de ferimentos resultantes do combate no próprio operador, o que é estranho tendo em conta a exigência elevada relativamente a segurança, que os instrutores normalmente adoptam. Eu diria até que se o pretendido é a segurança do operador, esta fica sempre aquém do desejado se no final do "combate" não houver lugar a esta práctica. Muitas vezes devido ás cargas de adrenalina ou á natureza dos ferimentos, não se consegue detectar impactos no próprio corpo, se não os procurarmos visualmente.