Tem havido nos ultimos tempos, dentro de um circulo de conhecedores destas coisas da formação, de forma profunda e efectiva, e são pessoas que trabalham ao mais alto nivel, em Portugal e no mundo, diga-se em bom rigor, um debate construtivo, no sentido de perceber a corrida subita a determinados tipos de curso de formação.
No caso concreto, a procura de treino táctico tem aumentado exponencialmente, sem que os formandos que o procuram, sejam operacionais, ou possam mesmo vir a ser, dentro desta área técnico/táctica.
Permitindo-me citar um grande amigo, Sousa Pereira, é a "febre da touca preta", será? Vamos ver: eu diria que as razões são multiplas, não desfazendo da ironia inteligente do meu amigo, não podemos olhar com leviandade o assunto, que ele exige alguma preocupação e análise.
É fácil perceber que: ter um diploma com a palavra SWAT, ou táctico ou coisa que o valha, é como ter um porta-chaves de um BMW, em terra de cego...
Mais, os cursos actualmente ministrados são básicos, no verdadeiro sentido da palavra, assim não habilitam ninguém nestas áreas de actuação, apenas dão uma abordagem inicial ao assunto e ensinam processos simples de fácil apreensão, mas muitas vezes deixam de fora matérias essenciais como o planeamento, intel etc... mas pronto, o pessoal sabe formar uma linha e entrar numa sala, que é sempre a mesma, por norma, e onde ninguem está a dificultar, á séria, a vida dos alunos, e portanto, a rapaziada sai a pensar que até sabe umas coisas.
Eu entendo que sempre se aprende alguma coisa, notem, eu próprio tenho dois cursos desses, e de facto aprendi alguma coisa neles, o problema não reside aí. Então onde reside? Eu explico: é que 99% dos alunos desses cursos nunca vai utilizar as técnicas que aprendeu, e pelas quais pagou dinheiro, que talvez seja muito para o bolso humilde, e tributado, do policia português, mais, fazer este tipo de formação talvez impeça o agente de frequentar outra que talvez lhe fosse mais util, porque o pouco dinheiro já foi para "comprar" o diploma mais bonito.
Mais ainda, as instituições, embora possam aceitar o certificado e juntar o mesmo ao processo do agente, dificilmente ele será contemplado, com seriedade, numa análise curricular, claro que este facto depende de quem ministrou o curso, há, de facto, entidades crediveis a fazer algum trabalho a este nivel.
Fazer cursos só por fazer não é inteligente, embora toda a gente deva saber um pouco de tudo, considero que mais importante é sermos efectivamente bons e especializados no que fazemos no dia-a-dia, sob pena de sabermos fazer uma "entrada dinâmica" extraordinária, e no entanto um palermoide qualquer com uma 6.35, feita na garagem, nos "abafar" com uma "pinta do caneco", passe o plebeismo, logo a "nós que até temos", (não, eu não tenho), "umas GLOCK novas á maneira", quando estavamos no normal e dário serviço de patrulha (não, não é o meu caso), no qual deviam os agentes, aí sim!!!, ser treinados e especializados...
Fica esta curta reflexão, sobre a tendência da procura no mercado vs a sabedoria na escolha da formação que achamos necessitar, e em jeito de remate, deixo de novo o xiste do meu amigo Sousa Pereira: "Ai! a febre da touca preta, a febre da touca preta...", não sei se mata, mas pode aleijar....(este é meu!)